29 julho, 2012

degustando...



Hoje senti repentinamente uma urgência em revisitar este prato do dia em Estocolmo.
Como alguns já deverão saber, estou de regresso a Portugal há já um mês. Tenho pensado superficialmente no rumo a dar a este blog e hoje ocorreu-me uma solução.
Não, esta não é uma nota ou mensagem de fecho. Ainda tenho algumas histórias e fotografias (que aos poucos são finalmente reveladas!) para partilhar aqui.
Mas hoje acordei e pensei que as minhas histórias de Estocolmo me escapavam e que, em breve, já não me pertenceriam.

Há quase um ano atrás, a 1 de Agosto, eu e o Chico aterrávamos na Suécia.
Ontem, foi a vez do João Francisco, um dos nossos colegas substitutos para o novo ano que se inicia. Percebi, pela mensagem que publicou no facebook, o seu entusiasmo.
De repente, lembrei-me de todos os meus sítios preferidos em Estocolmo, dos dias de verão na cidade, das pessoas que conheci e das experiências que partilhei. Senti um enorme carinho pela cidade que me tinha acolhido (de início, com alguns pequenos problemas que mais tarde sofreram ajustes) e a qual deixei num dia chuvoso há apenas um mês atrás. Senti como agora outra pessoa me substituiria, alguém que não conheço assim muito bem, e que contará as mesmas e outras histórias, conhecerá pessoas e amigos diferentes e do qual espero, talvez com uma certa indiscrição, ouvir notícias que me recoloquem nesses lugares e nessas situações do meu ano em Estocolmo.

Apeteceu-me dizer-lhe logo que deveria aproveitar as noites de Verão no Trädgården, dar um mergulho no parque em Sankt Eriksplan, espreguiçar-se na relva da Nytorget durante a tarde, depois de uma salada ou tosta da Gilda’s Rum, em frente à praça. Passear-se pelos cafés e lojas em segunda mão do ambiente semi-boémio, semi-alternativo de Södermalm, apanhar um barco e passar uns dias a acampar numa ilha no arquipélago, alugar uma bicicleta e perder-se pela cidade (afinal agora não me parece nada grande). No Lidl em Rådmansgatan os preços são mais acessíveis e às vezes apetecia-me levar filetes de salmão fresco que, no forno, e temperados unicamente com sal, pimenta e limão, ficavam uma maravilha (a Leonor que o comprove!). O Systembolaget da T-Central é o que fecha mais tarde (às 20h). A Associação de estudantes da Universidade tem um terraço numa casa estilo internacional onde se passam umas tardes molengas ao sol, com um copo de cerveja, a fazer os trabalhos de casa do curso de sueco... O Herman’s, o vegetariano de Södermalm, tem preço especial de estudante às segundas-feiras para o menu buffet e uns jardins apetecíveis para um final de tarde junto à água, a observar a cidade. Não esquecer os obrigatórios piqueniques e barbecues de Verão nos parques, com luz até às 10h30 e uma persistente claridade no horizonte durante toda a noite. Quanto à faculdade, não posso deixar de me interrogar (apesar de ainda ser muito cedo) quem irá escolher para professor e onde será o seu estúdio (vejo-me a passear pelo edifício e a recordar o cheiro a madeira cortada e a cartão queimado da sala das máquinas).

Apeteceu-me contar-lhe isto tudo e muito mais, mas achei que seria como lhe contar o fim da história sem lhe ter dado oportunidade de ler o livro antes (espero que ele não venha aqui ler isto!). Afinal, foi disto que foi feito o tempo que passei em Estocolmo. Disto e das pessoas que me acompanharam, verdadeiros amigos. Espero que o João e os outros colegas que agora iniciam o seu percurso por terras escandinavas também aprendam este gosto e afecto pelas coisas simples que encontrei por lá e que descubram ainda mais do que eu.

Vai ser um ano memorável, acreditem.






Stockholm | Agosto'2011
Canon AE1 | FujiColor 100 ASA